sábado, 24 de janeiro de 2009

Autismo – novos caminhos rumo a uma melhoria

Diferentes investigadores têm demonstrado que as crianças autistas apresentam uma série de alterações metabólicas, deficiências nutricionais e sobrecarga de substâncias tóxicas, em especial metais pesados. A correcção destas alterações permite diminuir, por vezes de forma significativa os sintomas associados ao autismo, podendo mesmo reverter a doença nos casos mais recentes. Mas cada caso é um caso, em especial nesta doença, em que existem tantas particularidades distintas em cada criança.

A visão mais clássica de que o autismo se trata apenas de uma doença mental, está a ser substituída para noção de que se trata de um conjunto de diferentes alterações metabólicas que se reflectem no órgão mais sensível de todos – o cérebro, e consequentemente no comportamento(1-5).

Parte do problema parece residir no tracto gastrointestinal, onde a proliferação anormal de bactérias e fungos patogénicos condiciona a produção de inúmeras substâncias tóxicas com efeito nefasto a nível metabólico. É possível ainda verificar que estas crianças apresentam respostas inflamatórias a diferentes alimentos ingeridos, em especial trigo e leite(6-10).

Também a nível intestinal parece haver inúmeras dificuldades digestiva que impedem a correcta degradação de determinados nutrientes, em especial proteínas como o glúten e a caseína. A digestão incompleta do glúten (presente em diferentes cereais, mas em especial no trigo) e da caseína (presente no leite e lacticínios), condiciona a formação de moléculas semelhantes a morfina (gluteomorfina e caseomorfina, respectivamente), cuja absorção condiciona uma alteração significativa do comportamento e da tolerância à dor física. Segundo diferentes especialista, a simples remoção destes alimentos é capaz de apresentar melhorarias entre 40-50% das crianças autistas. A parte mais difícil? São normalmente estes os alimentos que estas crianças comem obsessivamente, como aditos, constituindo parte essencial da sua alimentação. É por isso necessário o acompanhamento correcto durante esta fase, pois a simples remoção destes alimentos pode condicionar um agravamento temporário dos sintomas, antes de se verificar uma melhoria(11-28).

Além do trigo e leite, estas crianças tendem a apresentar diferentes obsessões alimentares, comendo apenas 4-5 alimentos específicos. Estes alimentos são regra geral alimentos que nelas vão condicionar efeitos específicos, devido às características nutricionais dos alimentos procurados. São alimentos que, mais que nutrir, vão funcionar como aditos, que estas crianças procuram como uma forma de atenuar diferentes sintomas. O melhor exemplo é o trigo (pão ou bolachas) e o leite, que se tornam na base alimentar destas crianças, que ao serem transformados nos compostos acima mencionados (gluteomorfinas e caseomorfinas), mantêm uma dependência cerebral fortíssima. Outros exemplos de obsessões passam pelas maças, tomate (ou ketchup) ou batatas fritas. É por isso essencial compreender e estudar quais os alimentos consumidos, de forma a descobrir qual o efeito que a criança pretende obter com esse alimento, e assim corrigir essa alteração(29,30).

Estas obsessões alimentares condicionam uma desnutrição, por vezes grave, pois impede a correcta ingestão de diferentes vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais. Esta desnutrição agrava diferentes alterações metabólicas já presentes, como a alteração do ciclo da metilação e sulfatação, contribuindo para o agravamento do comportamento e dos sintomas classificados dentro do espectro do autismo.

A deficiência em antioxidantes (devido à deficiente alimentação), a menor incapacidade de desintoxicação (normalmente presente nestas crianças e agravada pelas deficiências nutricionais) vai condicionando uma cada vez maior sobrecarga tóxica. Consequentemente vai-se instalando uma acentuada inflamação sistémica, em especial a nível cerebral que vai perpetuando e agravando a sua sintomatologia. Esta incapacidade de desintoxicação impede também que estas crianças sejam incapazes de remover diferentes metais pesados como o alumínio ou o mercúrio, cujos efeitos cumulativos se manifestam especialmente a nível do sistema nervoso central(31-42).

A correcta identificação das alterações metabólicas presentes, a correcção da flora intestinal, a melhoria da digestibilidade, a melhoria do estado nutricional e a correcção do stress oxidativo, entre outras abordagens biomédicas vai permitir obter resultados favoráveis e por vezes incríveis em muitas crianças autistas

in:Science News nº19 de “Medicina Integrada e Fucional Dra Cristina Sales”

2 comentários:

Anónimo disse...

Este texto está verdadeiramente surpreendente!!!
Nunca tinha ouvido falar disto, será mesmo verdade? Será que é possivel melhorar o autismo através da alimentação? O meu filho Pedro (que tem 4 anos, autista desde os 2) bebe mais de 1l de leite por dia!! eu estava descansada porque achava que pelo menos assim estava mais bem alimentado... será que lhe está a fazer mal??

onde é que eu posso ir buscar mais informação desta?

Rita Vasconcelos

Fernando Miguel Azevedo disse...

Queria apenas dizer lhe Rita, que cada familia tem de gerir toda a informação e utiliza la conforme ache melhor.
Eu publiquei este atigo pois é um facto que ha muitas crianças com autismo que sofrem com estes problemas e que esta dieta pode ajudar.
Mas como sempre não é uma cura é apenas uma ajuda a melhorar a qualidade de vida mas tem de ter a certeza que isso não lhe vai trazer outros problemas´.