sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fármaco desenvolvido para tratar a tuberculose pode ser nova arma contra autismo

in “RCM Pharma”

Investigadores da Eastern Virginia Medical School identificaram uma possível nova estratégia de tratamento para o comprometimento social em pessoas com
a desordem de espectro autista. Um fármaco desenvolvido para tratar a tuberculose transforma ratos anti-sociais em ratos que interagem com outros, avança
o site Ciência Diária.

“Pessoas com a desordem de espectro autista são tanto desinteressadas em relação a interacções sociais ou as consideram desagradáveis”, explica Stephen
Deutsch, professor de psiquiatria e ciências do comportamento. “Infelizmente, pessoas com a desordem de espectro autista são muitas vezes sofredoras conscientes
de sua sociabilidade limitada, o que pode levar a profundos sentimentos de tristeza e frustração”.

Na pesquisa, os cientistas verificam que uma cepa específica de ratos em um modelo válido de sociabilidade limitada – semelhante ao de pessoas com autismo
– passava o mais longe possível de outros ratos, não interagindo como animais do grupo de controlo faziam. Então, os pesquisadores resolveram testar se
um medicamento já existente poderia alterar a função de determinados receptores do cérebro que afectam a sociabilidade: a D-cicloserina, originalmente
desenvolvida para tratar a tuberculose mas que, ao longo de testes, mostrou ser capaz de mudar o comportamento social de indivíduos.

Em estudos preliminares, a medicação pareceu ter resolvido os défices de sociabilidade de ratos “com autismo”. Os animais que receberam o tratamento passaram
a ficar perto de outros. Isso deu à equipe a oportunidade de sugerir que talvez a terapia pudesse ser usada para facilitar também a sociabilidade em pessoas
com autismo, que evitam tanto o contacto visual e físico, como a interacção.

Estes indivíduos podem ter a vida muito limitada, especialmente na questão “emprego”.“O que torna isso importante é que pode haver alguém com um QI de
125 ou 130 que está desempregado por causa de suas deficiências sociais”, ressalta Maria Urbano, também uma professora associada de psiquiatria e ciências
do comportamento.

A equipe planeja agora um ensaio clínico piloto em pacientes adultos, adolescentes e crianças com autismo para avaliar a forma como o medicamento age em
seres humanos. Já se sabe que a droga é segura. Portanto, pesquisadores devem agora observar se há efeitos similares sobre déficides de sociabilidade como
ocorrido nos ratos.