Podemos compreender então que, geralmente, numa sala de Snoezelen, os indivíduos, de qualquer idade e condição de saúde, consigam mais facilmente controlar os estímulos que lhes acedem e responder a esses mesmos estímulos.
Indivíduos e crianças com uma Perturbação do Espectro Autista (PEA) têm, frequentemente, problemas de integração sensorial, isto é, não organizam ou avaliam correctamente os estímulos sensoriais que o meio lhes fornece. São também crianças que apresentam por vezes ausência da consciência do perigo, talvez por incompreensão das situações, e que desenvolvem muitas vezes, contraditoriamente, medos inexplicáveis por situações e objectos normalíssimos.
Tendo em conta estas e várias outras características das crianças com PEA, podemos compreender a relevância que o Snoezelen pode apresentar para elas. Existem, actualmente, diversos estudos que informam de resultados positivos sobre esta terapia. Entre os projectos que fazem convergir o Snoezelen e o Autismo encontra-se o MEDIATE, (Multisensory Environment Design for an Interface between Autistic and Typical Expressiveness) dirigido por Simone Gumtau, Paul Newland, Chris Creed e Simon Kunath do “Centre for Responsive Environments” e “School of Art, Design & Media”, da Universidade de Portsmouth, Reino Unido. Este projecto tem como objectivo a idealização e construção de um espaço multisensorial, interactivo e inteligente, de forma a permitir à criança com Autismo a criação de expressões das suas experiências sensoriais, para que aqueles que a rodeiam possam, de uma maneira mais eficaz, compreender o que se passa no “seu mundo”.
Este ambiente envolve uma complexa infra-estrutura composta por várias partes, que interagem com a criança, essencialmente, pela visão, audição e tacto. A criança recebe assim feedback visual, táctil e auditivo consoante o seu movimento e sons que produzir. Entre os vários componentes estão incluídos ecrãs que reagem de acordo com o toque e com as posturas corporais assumidas pela criança (graças a várias câmaras), sistemas de microfones que detectam sons produzidos (fazendo ecoar alguns, por exemplo), estruturas numa das paredes que vibram quando pressionadas (input táctil e proprioceptivo), o próprio chão que emite sons “crocantes” como consequência dos passos da criança, etc. Para não encorajar os comportamentos repetitivos apresentados por alguns autistas, todo o sistema responde com uma diminuição do feedback face a este tipo de comportamentos.
Compreende-se então que, nas salas de Snoezelen, uma criança com PEA possa, mais facilmente, sentir-se em controlo do meio que a rodeia, tornando mais fácil o processamento e a integração sensorial. As crianças conseguem seleccionar e avaliar os estímulos e inputs sensoriais que querem ver salientados, sendo uma condição importantíssima, por exemplo, para a aprendizagem (se tivermos em conta que, para aprender, uma criança tem de estar atenta a vários estímulos diferentes ao mesmo tempo, se esta não os conseguir processar de forma correcta, como conseguirá aprender?). Num ambiente protector de uma sala de Snoezelen, é compreensível que as crianças baixem algumas das suas defesas e se tornem mais “alcançáveis”, permitindo aos facilitadores uma pequena, mas recompensadora viagem pelo seu mundo.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário