Autistas tomam decisões mais racionais e menos intuitivas
As pessoas com perturbações do espectro do autismo são menos propensas a tomar decisões irracionais e a serem influenciadas pelos instintos, segundo um estudo da University College London, no Reino Unido. O autismo é um distúrbio cerebral de causas desconhecidas que interfere na capacidade do indivíduo na área da comunicação e relacionamento com outras pessoas.
De acordo com os especialistas, a "tomada de decisão" é um processo complexo que envolve tanto a intuição (mais rápida e menos precisa, movida pelos instintos) quanto a análise (mais lenta, envolvendo o pensamento racional). Porém o estudo indica que os autistas tomam as suas decisões baseados mais no pensamento racional e de forma menos instintiva.
Estudos anteriores mostram que a resposta a um problema depende de como ele é apresentado. Por exemplo, se um cirurgião diz ao paciente que há 80% de hipóteses de sobrevivência a uma operação, há mais chances do paciente permitir a realização do procedimento do que se ele disser que há 20% de chances de morrer, mesmo que as duas sejam estatisticamente a mesma coisa.
Na pesquisa, os participantes realizaram testes que envolviam decidir se gastavam ou não uma quantia em dinheiro apostando num jogo. E os especialistas notaram que as pessoas sem distúrbios relacionados com o autismo tomavam as decisões baseados na forma como a questão era colocada, enquanto os autistas eram menos suscetíveis a esse efeito e menos guiados pela emoção.
Os autores destacaram que, apesar dessa maior atenção aos detalhes e menor influência das emoções entre as pessoas com o distúrbio serem benéficas em algumas situações, elas são uma desvantagem na vida diária. "Durante as interações sociais, muitas das informações devem ser processadas simultaneamente, fazendo disso uma tarefa computarizada muito complicada para o cérebro. Para resolver esses problemas complexos, contamos com simplificações heurísticas - instintos - em vez do extensivo raciocínio lógico".
Com os resultados da pesquisa, os pesquisadores acreditam que essa menor propensão à intuição e aos instintos e a tendência de evitar informações emocionais pode ser uma das explicações para as dificuldades dos autistas nas relações sociais. Mais estudos são necessários.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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1 comentário:
Evidentemente que estes estudos abordam os autistas que, de alguma forma, podem comunicar de forma "entendível", normativamente falando, o que pode transmitir alguma sensação de limitação para qualquer tipo de generalização.
José Luís Teixeira
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