Autismo
A convite de um empresário de Viana do Castelo, o Mário Franco, assisti no passado sábado a uma parte do colóquio promovido pela Associação dos Amigos do Autista. Recebi uma lição de vida e aqui o assumo com total humildade. Ocupado tantas vezes comigo próprio, convencido que os meus problemas são os mais importantes, obtive um testemunho de Pais, de Irmãos, de Amigos, que diariamente vivem, e convivem, com o autismo e pude entender como é tamanha a minha pequenez diante a grandeza de quem por amor, nada mais do que amor, abdica de si próprio. Mas ao mesmo tempo em que recebia essa lição de vida, de imediato reconheci quão fútil é muita da nossa actividade política, perante o esquecimento e a indiferença face a problemas reais e profundos de tantas e tantas famílias portuguesas. Também aqui me penitencio porque apesar de nunca ter sido governante a minha voz já se poderia ter feito ouvir propondo e defendendo alterações substanciais no modo de funcionamento de várias das instituições e serviços a quem, directa ou indirectamente, os Pais se dirigem solicitando apoio, pedindo ajuda. Será afinal razoável que o Estado gaste dinheiro na construção, e manutenção, de infraestruturas estéreis, como tantos estádios de futebol, e não tenha dinheiro para contratar profissionais que nas Escolas acompanhem os jovens com este e outros problemas? Será afinal razoável que o tempo médio das consultas de acompanhamento, tal como me referia o Mário Relvas, Pai de um jovem com autismo, dure pouco mais de 15 minutos? Será afinal razoável que esbanjemos recursos na promoção de festanças e não possuamos os meios necessários, para dizer às Famílias dos autistas que estamos ao seu lado? Não é razoável, não é sequer digno. E um Estado que abandona estas Famílias não é pessoa de bem. Cabe – nos tudo fazer, para que se registem mudanças. E eu digo presente nessa vontade, nessa missão.
Obrigado pois pela lição de Humanismo que me deram.
In - Diario do Minho por Dr. Manuel Monteiro
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
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