JOSÉ VINHA
Um padeiro, que distribuía pão de madrugada nas Termas de S. Vicente, Penafiel, encontrou um menino sozinho no meio da estrada, vestido de pijama. A criança, autista, acordara a meio da noite, saindo de casa sem que os pais notassem.
"Ando a distribuir pão de há 33 anos, já encontrei de tudo, mas nunca uma criança. Ia na carrinha e vi aquele menino a andar tranquilo, em pijama e de meias, no meio da estrada, àquela hora! Apontei os máximos para ver bem. Parecia o Menino Jesus!", conta Bernardino L. M. "Freitas", padeiro. Eram 4.15 horas.
O menino de cinco anos, autista, tinha acordado de madrugada e, abrindo a porta do apartamento do primeiro andar, descera para a rua sem que os pais ou o irmão mais novo dessem conta. Mas disso Bernardino só saberia bem mais tarde
A primeira reacção do padeiro foi de "espanto" e "medo". "Como rezo muito quando ando a distribuir pão, pensei que fosse uma aparição. Alguma coisa de espiritismo. Estava a acontecer ali um milagre, pensei!", explicou. Depois, teve medo que fosse uma armadilha. "Ainda hesitei sair da carrinha, a criança encostou-se à viatura. Saí e pus os meus dedos nos olhos do menino, ele sorriu e desatou às gargalhadas", recorda.
Depois de tentar conversar com o menino que "não respondia a nada", Bernardino Freitas meteu-o na carrinha. "Liguei o aquecimento e embrulhei-o com uma toalha". Sem saber o que fazer, o padeiro andou com o menino, até que ligou a um irmão para avisar a GNR e foi levar a criança ao posto. Confrontada com a situação, o comandante do posto da GNR do Pinheiro, levou a criança ao Hospital Padre Américo do Vale do Sousa, em Penafiel, onde deu entrada, cerca das cinco horas, na Urgência de Pediatria.
Entretanto, às cinco da manhã, a mãe do menino acordou toda a vizinhança do prédio aos gritos, às seis da manhã. Foi o pai quem deu conta da ausência do filho quando, àquela hora, se levantou para trabalhar e passou pelo quarto do menino. Os vizinhos mobilizaram-se para encontrar a criança que, àquela hora, já tinha sido levada pela GNR ao Hospital Padre Américo de Penafiel.
Pouco tempo depois de o menino ter entrado no hospital, os pais foram ao posto da GNR à procura do filho porque, entretanto, uma vizinha lembrou-se de telefonar para a GNR a dar conta do desaparecimento da criança. Os médicos do Hospital alertaram as autoridades competentes e a situação só ficou esclarecida já a meio da tarde, tendo o menino regressado ao lar.
"Os pais são muito dedicados aos filhos, tiveram um azar e apanharam um susto muito grande. Estou muito comovida com tudo isso, não penso noutra coisa, porque se trata de gente de bem. Se fosse uma mãe que tratasse mal os filhos... mas não é, é de uma extrema dedicação", afiança Rosa Dias, vizinha.
Outros vizinhos contactados pelo JN garantiram que os pais do menino são pessoas "trabalhadoras e dedicadas". "Não há mãe mais extremosa do que a mãe do menino", disse Maria Manuela, dona de uma mercaria. E sublinhou: "Tiveram azar, e todos nós sofremos com isto tudo que se passou. São crianças e às vezes pregam estes sustos".
" Isso aconteceu com essa família, mas para mim é como se tivesse acontecido comigo" desabafou outra vizinha da família. "Foram momentos de pânico que passámos todos. Uns aqui, outros ali, passámos tudo a pente fino a ver se encontrávamos o menino…Felizmente, apareceu vivo", desabafou uma outra vizinha do prédio onde mora esta família.
domingo, 15 de novembro de 2009
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