Tenho uma visão muito própria do mundo.
Para mim, ele é uma realidade relativa que gira à volta da perspectiva que cada um de nós tem dele.
Em sociedade, somos forçados, por diversas circunstâncias que tentamos que nos sejam favoráveis, a agrupar-nos de acordo com uma maioria ou uma média. Numa posição de força, por vezes defensiva/por vezes agressiva, ou nos juntamos a esses grupos, ou nos isolamos, sofrendo as consequências de sermos uma minoria.
Ser uma minoria não significa estar errado. Quando estamos nessa posição de vez em quando, pode não ter consequências de maior. Quando o fazemos a maior parte do tempo da nossa vida, pode ser-nos fatal. Mas continuamos a não estar errados por isso.
Os nossos filhos, autistas, Aspergers, como muitos outros iguais/diferentes, são uma minoria que não se assemelha à maioria uma grande parte do tempo.
Não estão errados. Só que a maioria não lhes dá espaço para serem como são. Por medo, por ignorância, por comodismo, porque sim, porque não!
Tudo o que está criado em sociedade está criado para a maioria. Não acho que devamos revoltar-nos. Essas foram as estratégias que as nossas necessidades de vida em grupo foram criando. Devemos, sim, insistir para que elas não sejam tão limitadas. Devemos alargar horizontes, suave e persistentemente. Devemos crescer, apostar numa forma inteligente e tolerante de fazer as coisas. Experimentar tudo o que nos pareça razoável ao coração e à inteligência - juntos.
Essa inteligência e essa paz têm de começar na nossa própria casa, aceitando a nossa própria minoria, observando-a, aprendendo com ela, criando espaço para que ela exista. Sem conflitos.
O meu filho tem-me ensinado a começar do zero e a questionar muito do que eu tomava como certo e inabalável. Esse exercício é tão cansativo, quanto fascinante. Estamos num processo de desconstrução daquilo que fomos construindo sem pensar. A construção não ficou bem. Talvez tenhamos de fazer tudo de novo. E depois?
Gosto muito da frase do Fernando Pessoa que diz: "Pedras no caminho? Guardo-as todas; um dia vou construir um castelo!"
Mas tenho plena consciência de que faço parte, também eu, de uma minoria. Nem por isso considero estar errada.
De: Maria Jose Ferreira
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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