O Autismo é definido como uma desordem neuro-desenvolvimental caracterizada pelo enfraquecimento nas relações sociais, linguagem, e pela presença de um comportamento repetitivo e estereotipado. Penetrar no olhar, nos sentimentos de um autista é algo fascinante. Conseguir interpretar sentimentos. Conseguir entrar no que o outro pensa é o que nos dá esta vivência. Conseguir que um autista desenvolva a fala. Que consiga expressar-se em sentimentos, é uma realidade maravilhosa que não deve ser descurada nunca. Os autistas sentem a vida. Não são fechados numa redoma. Não vivem em Marte, a não ser que os deixemos sem objectivos. Sentem quando estamos de bom humor. Quando nos sentimos tristes. A grande vitória é lenta. É conseguir fazer com que o autista se expresse e nos transmita o que sente. Que nos interrogue. Que nos dê as suas opiniões sobre os cheiros e paladares. Qual o seu gosto pela roupa que veste. Saber que conhece bem os caminhos que percorremos. Conhecer as localidades, as marcas, os restaurantes. Saber o que fez na escola. Esta vivência diária deu-me capacidades que jamais pensei ter. Para isto é necessário que queiramos estar ao lado do nosso filho. É uma luta imensa. Intemporal. Quando se institucionaliza uma criança destas, ela perde o seu elo motivador mais forte: a sua família. Ser família não é ser mãe, pai, avô ou primo. Ser família é estar presente. É não desistir. É rir ou chorar. É viver as dificuldades e encontrar alegria imensa num pequenino desenvolvimento que demorou muito a acontecer. Ser família é proteger com amor. As pessoas marginalizam-se em relação aos autistas. Não com intenção efectiva, mas por não saberem como agir. Ser família é perguntar como fazer para o conseguir. É ter paciência. É não ignorar que ali está um ser humano magnífico que, apenas, quer que lhe liguem. Que interajam com ele em coisas simples.
A grande dificuldade da família é a incompreensão da sociedade. A "sapiência" dos legisladores. A ignorância dos métodos. A falta de apoios ao descanso destas famílias que precisam de se distrair para carregarem baterias. Precisam do seu momento a dois. É preciso algum espaço para os pais viverem sem stress, sem angústia.
Sobretudo o que os pais não encontram, é um futuro para os seus filhos na sociedade actual. Por isso nos questionamos sobre o desporto para autistas. Sobre o papel da escola nesta temática. Dos CAO -centros de actividades ocupacionais-. Do emprego protegido. Sobre a burocracia que nos é imposta em questões legais. Sobre a saúde que existe para eles e para nós seus familiares directos. Os pais dos autistas jamais deveriam deixar de trabalhar para poderem cuidar do filho. Um dia a família não estará presente. É a lei da vida. E depois? Que será deles? Esse sim, é o maior peso que transportamos. O Estado -somos todos nós- tem a obrigação de, pela mão dos eleitos, criar condições dignas de vida para todos os que marcham lentamente, mas em esperança, pelos cruzamentos do autismo. O problema não são os denominados autistas, mas sim quem os ignora!
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